terça-feira, 7 de abril de 2015

     Coragem para enfrentar um mundo de dor, lutas, drogas e violência. Vontade de quebrar tabus e reconstruir ideias. Força para enxergar tudo aquilo que a sociedade insiste em fechar os olhos. A prostituição é tema quase proscrito e quem mais sofre com isso é quem come com o dinheiro que ela gera.

     Valéria, Laís e Cláudia são apenas mais três entre milhares de mulheres que exploraram a venda do sexo em suas profissões, mas ao invés de quartos de “pousadas”, estas meninas utilizaram a biblioteca como local de trabalho. Estudantes da Universidade de Sorocaba, elas apostaram na prostituição como tema do trabalho de conclusão do curso de comunicação social - habilitada em jornalismo.






O produto final das universitárias é o livro “Impróprio para menores – a prostituição além do sexo”, que recebeu nota máxima na bancada da universidade.






    O livro busca mostrar o mundo do sexo vendido pelo olhar de quem mais entende disto, os profissionais da área. “Nós procuramos entender todos os lados da vida deles, os medos os sonhos e o relacionamento com a família”, explana Cláudia. E completa Laís “A ideia era mostrar a profissão de outra forma, não do modo batido de sempre e sim a real face da prostituição”.

    O livro é composto por fatos reais da vida de seis prostitutas, garotas de luxo e de rua, e de um michê. Foi todo escrito na linguagem do new journalism, A escolha do estilo do livro veio antes mesmo do tema, conta Lais “Quando nós descobrimos este estilo jornalístico começamos a encontrar um tema que ficaria legal com ele. Nós queríamos fazer algo como o ‘A sangue frio’ de Truman Capote.”





      A prostituição se une com facilidade à literatura apresentada no New Journalism.





   Foram três meses de trabalho intenso que resultaram em 100 páginas, divididas em cinco capítulos. Onde nos três primeiros são contadas as histórias individuais de três personagens: a Lívia, a Bia e o Michê.





A quarta parte embrama a história de três moças de diferentes destinos e históricos, que se combinam apenas pelo sexo. São elas: Márcia, Mel e Verônica.



O quinto capítulo revela a intimidade e experiência da mais famosa garota de programa do país, Bruna surfistinha. Já aposentada, ela esteve durante toda a entrevista ao lado do seu marido, João.



    O livro tem um enredo provocante e linguagem cativante, o que rendeu às universitárias uma crítica positiva que, então, se tornou o prefácio do livro. Laís se anima ao lembrar “Tudo que a gente tinha dúvida sobre o produto final o prefácio nos esclareceu. Quando nós vimos o que ele [o jornalista Carlos Araújo e autor dos elogios] tinha escrito sobre o livro foi a confirmação de que nós tínhamos conseguido passar tudo aquilo que queríamos”.

    O assunto também atraiu os olhares de profissionais da região que convidaram o trio para participar de eventos sobre sexualidade para apresentar a obra ao público.

    Quando questionadas sobre o objetivo do livro são unanimes "Mudar a visão de quem enxerga a prostituição como algo errado e fácil. O dinheiro vem rápido, mas de não de forma fácil" diz Valéria. "Nós mesmas mudamos muito nosso olhar e queremos que isto aconteça com todos que lerem" completa Laís.

   O livro ainda não foi publicado devido ao grande gasto que isto exige, mas as estudantes já traçaram planos em relação ao assunto, afirma Valéria, “Abriu agora a inscrição para a LINC e nós já estamos vendo os documentos que são necessários. Nós queremos muito publicar”.

    Mesmo sem formato de livraria, o livro está disponível em PDF. Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail claudiastehh@gmail.com e solicitar um exemplar.

As fotos

Um mundo muitas vezes visto com olhos de neon se mostra, na realidade, desbotado e quase sem cor. Por isso as autoras optaram por trazer todas as imagens do livro em branco e preto.









Por: Tatiana Spuzzillo.

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