Por Tatiana Spuzzillo
Entre batidas, beats e remix, o sorocabano Joaquim Morais –
que prefere ser chamado de Kim – chegou à porção norte do continente americano
sem nunca ter saído da cadeira de seu quarto. O jovem, de 20 anos, usa como
passaporte um teclado e seu visto é a paixão pela música.
O mercado das produções independentes (isto é, músicas
feitas e produzidas sem ajuda de gravadoras profissionais) vem se mostrando
cada vez mais forte, principalmente nas gravações dos ritmos de rua (RAP, HIP
HOP e FUNK) que ainda são vistos, equivocadamente, com maus olhos pelos grandes
estúdios.
Kim "brinca" com os beats de rap e hip hop, montando os arranjos que harmonizam letras de MC's. Fazendo uma junção de efeitos sonoros através de um teclado especial ele cria a batida de uma música inteira, depois disponibiliza os
áudios na internet e espera ser contatado.
O garoto conta que começou a mexer com o teclado por brincadeira, mas logo viu que podia ser algo maior, “eu comecei sem pretensão alguma, mas mais tarde percebi que poderia ganhar algo em troca do meu trabalho. Foi então que comecei a publicá-lo em redes sociais e sites específicos de venda de músicas”.
Uma das músicas de Kim que foi utilizada pelo Cabes MC
Este hobbie já é antigo na vida do sorocabano, a venda das canções é que é algo recente para ele e que vem dando certo. Kim comercializa seu produto faz apenas um ano, mas já pode se orgulhar de ter músicas de seu repertório tocando no mercado
estrangeiro – mais precisamente no México. Além, é claro, de alguns artistas
nacionais que também já foram fregueses. “Ainda são poucos os artistas do
Brasil, o (rapper mexicano) Omyr Diamante é, até agora, o maior consumidor de
minhas músicas”.
Omyr é mexicano e escreve RAPs lá em seu
país. Ele encontrou o trabalho do sorocabano em um grupo no Facebook, gostou e
entrou em contato com o Kim pela própria rede social. “Ele ouviu uma, achou
legal e comprou, depois aconteceu com outra e outra e outras” Conta Kim com um
sorriso no rosto.
Omyr Diamante - Triangulo de las bermudas (prod. ZaiabeatS)
Omyr Diamante - Triangulo de las bermudas (prod. ZaiabeatS)
Ainda tímido ao falar de seu próprio trabalho, Kim ficou sem
jeito quando – indiscretamente – foi questionado sobre preços, “Não tenho um
valor fixo. Cada som, cada trabalho eu sugiro um valor. Já vendi de R$ 50,00 até
R$ 100,00”. A fabricação de beats ainda não é a fonte de renda de Kim,
mas já lhe rende alguma “grana” (sic).
Como qualquer artista profissional, Kim tem suas inspirações e referências na hora de criar. Fã do RAP do início dos anos 2000, ele prefere os grupos como SubSolo e Quinto Andar para ajudar na sua produção, conta "Ouço muita gente, mas os raps antigos são meus preferidos. Em destaque estes dois que são os que mais me inspiram na hora que to sentado fazendo som".
Como qualquer artista profissional, Kim tem suas inspirações e referências na hora de criar. Fã do RAP do início dos anos 2000, ele prefere os grupos como SubSolo e Quinto Andar para ajudar na sua produção, conta "Ouço muita gente, mas os raps antigos são meus preferidos. Em destaque estes dois que são os que mais me inspiram na hora que to sentado fazendo som".
A última parceria do sorocabano com o mexicano resultou em
uma canção com um clipe oficial que foi divulgado no último mês .
O trabalho de Joaquim pode ser visto tanto no canal ZaiabeatS, no Youtube, quanto em seu perfil do Sound
Cloud (ZaiabeatS), e também no perfil pessoal do ritmista.
O canal do rapper Omyr Diamante também contém algumas parcerias deles e outros trabalhos do mexicano.
O canal do rapper Omyr Diamante também contém algumas parcerias deles e outros trabalhos do mexicano.
A música de rua e os estúdios independentes
A música de rua (ou do gueto) é talvez a maior “freguesia”
das produções independentes. Até por conta de sua ideologia, o som feito nas
vielas não é o principal alvo das grandes gravadoras, o que obriga os
cantores a produzir suas próprias músicas ou firmar parcerias com DJs do mesmo 'ramo'.
A ascensão do rap na rádio da galera na última década possibilitou que
alguns profissionais independentes criassem seus próprios estúdios, que é o
caso do paulistano Emicida, que fez o começo de sua carreira de forma autônoma, divulgando seu trabalho através de eventos como a rinha de MC's e hoje é proprietário do
LabFantasma, um estúdio de produção de músicas em SP que aposta em artistas
independentes.
Outro caso famoso é o do artista Criolo que há mais de 10
anos produz um som independente e hoje é considerado não só um rapper de boa qualidade,
mas também uma das maiores revelações da “nova MPB”. Recebendo elogios até da crítica internacional.
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